domingo, 10 de outubro de 2010

Tenho a impressão de que deixei todos os que andavam "do meu lado" partirem. Partirem sem o menor esforço. E a expressão "do meu lado" não se encaixa em absolutamente nenhum de meus partidos amigos já feitos, penso que deixei boas lembranças, alguns espinhos, mas boas lembranças. Não foi só companhia, foi ciúme, choros, apertos de mãos e abraços, laços desfeitos e consertados. Falta de imaginação, talvez. Tenho tido pesadelos terríveis, dolorosos - e de doloroso já me basta viver. É difícil, eu digo que é difícil sem nenhuma compreenssão de alguém, eu sei, mas é tão difícil quando não se vê mais prazer em nada.

Espero sinceramente que você se encontre de novo. É complicado viver em um mundo perdido, meu caro. Empurre imediatamente esse seu peito pra fora, e se sinta forte. Não há luz vindo da janela, agora, mas mais tarde terá. Não há nada além de café na madrugada, mas pode haver uma plantação inteira no teu terreno, caso queira.  Levanta, levanta logo, se levanta pelo amor de Deus! Você é forte, é lindo, é amado, por mim, e eu não quero sustentar dois. Largo minha dor pelos cantos quando estou do seu lado, assim, fácil. É só estar do seu lado que ela oscila. Acende e apaga. E quando ela apaga eu presto tanta atenção em você que me vem tanta confidência própria de ter só nós dois ali juntos pensando no amanhã ardiloso e ardente, e tudo foge, o poço já não existe mais. Só a plantação de café e a luz que vem das janelas. Pegue os remos e reme de novo,  não se sinta fraco, forte todos somos, viver é a prova disto.