domingo, 18 de abril de 2010

"As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem." Chico Buarque



Sabia que dóia. Sabia que não iria passar. Mas sabia que algum pingo de esperança se clamufaria em algum momento vindo até mim. Enquanto isso, ficava assim, sem remédio, sem vida, sem viver, sem nada. Sem sentir, seria melhor dizer. Fazer cara de "pois é" e imaginar novicentas e cinquenta e sete fantasias na cabeça durante o mês não adiantaria. Só era vergonhoso. Era vergonhoso, não viajar, ficar aqui, sem liberdade própria, não dependendo dos outros. E era totalmente o contrário da realidade, era um ser, preso em si mesmo. E a cada dia... piorava... piorava...


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Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.
Caio F."