domingo, 19 de setembro de 2010

bon vent à toi

- Mas você tinha prometido.
- Prometi e agora DesPrometo. Algum problema quanto á isso? Sabemos que muitas coisas ocorrem assim. Me deixa, e, procura algo de melhor pra você.
Olhava nos olhos dela como um cão sem dono, um cão amargurado que sentia-se sem nome e identidade. Vira-lata. Cadê meu osso?
Procurei fazer acupuntura, natação, academia, voltei a comer. Você me abriu o apetite e limpou meu apartamento de coisas runs e incensos queimados; me ensinou a pular corda e brincar de amarelinha. Me fez rever minha família que eu não via há muito tempo. Me fez voltar ao céu.
E agora, é quem corta minhas asas.
- Pega conselhos. Seus anjos parecem tão afagados.
Nessa hora, levantei da cadeira e minhas asas se soltaram. Aos que viram, pensavam que fosse Gabriel, ou talvez Querubins, Serafins, Tronos ou Ofanins, ou mesmo pura ilusão. Asas implantadas, poderia ser. Mas não era. Me sentia apenas como um homem que se sentiu amado e voou.
Me bateu sincera dor no peito e nos ombros, coluna vertebral, nuca e braços. Você me reviveu e agora quer que eu me livre deste... fardo. Como apenas eu fosse o responsável. Não é assim, querida. Mesmo com o nosso infeliz e acumulado amor, não irá tirar além de minha alegria; não irá me dar a insatisfação de perder a incapacidade de voar. Porque sim. Não podemos ficar á ponto da morte quando uma falsa possibilidade de amor vai embora. Por mais que doe, deixe essa dor quieta. Ás vezes ela vai embora, ás vezes, não. Uma hora, outra aparece. Outras vezes, não.
Talvez, pensei em encontrar em outra esquina, uma possibilidade ou salvação de vida. Mas não queria pensar no depois. Só na leveza de existir e o peso de perder alguém de forma cruel.

Pulei contra o vidro, e voei. Sem rumo.